Antes de começar, quero deixar claro que usarei o termo OTAKU aqui para referir-me a todos aqueles que gostam de animê, mangá, jogos e músicas japoneses, por isso nao quero que ninguém se ofenda.
Fico um pouco triste com o preconceito que existe entre os próprios otakus. Normalmente os mais velhos não se consideram como os mais novos de maneira alguma. E isso que os mais velhos só têm, em média, 6 anos a mais. É como se houvesse uma barreira muito grande entre gerações tão próximas e que gostam das mesmas coisas. Muitas vezes criticam as atitudes dos mais novos, dizem que eles não têm cérebro nem nada.
Posso dizer que tenho uma boa convivência tanto com mais os velhos quanto com os mais novos e declaro com bastante convicção que as pessoas mal educadas e ignorantes estão em qualquer lugar e não têm idade específica. Ok, o público mudou, há 10 anos os mangás eram quase desconhecidos no Brasil (falando de um modo geral). Mas não era essa a popularização que muitos desejavam? Ver mangás em qualquer banca de jornal? É claro que tal popularização acarretaria algumas consequências.
Cada vez que ouço alguém fazendo uma reclamação generalizada sobre os otakus mais novos, fico chateada. De certa forma é uma injustiça. E daí que a pessoa só conhece Naruto e Bleach? Das duas uma: ou ele vai apagar da vida dele isso daqui há alguma tempo ou então vai começar a pesquisar e quem sabe se interessará por várias outros aspectos da cultura japonesa (língua, música, teatro, etc).
O que despertou em mim a vontade de conhecer mais sobre cultura japonesa foi um animê chamado Guerreiras Mágicas de Rayearth. Ele foi exibido no SBT no ano de 1996 (eu tinha 10 anos). Depois disso passaram-se muitos anos até que eu realmente fosse atrás de alguma coisa. Mas sabe, eu não tinha interesse nenhum nem na língua, nem na cultura trdicional. Isso tudo nasceu depois, quando eu tinha 18 anos. Acredito que muitos otakus mais velhos tenham se identificado com o meu exmplo. Ou seja, é uma questão de amadurecimento.
Existe uma ironia muito grande nesse tipo de preconceito: sempre reclamamos porque sofremos preconceito de quem acha toda essa coisa de cultura pop japonesa um besteira. No fundo expressar um preconceito pelos mais jovens é afirmar que eles são estranhos para nós mesmos que fazemos parte disso, de uma forma ou de outra.
Não quero que o mundo otaku dê as mãos e viva feliz para sempre. Penso apenas que se cada um conseguir ficar no seu canto, do seu jeito dentro desse grupo de pessoas tão rico, com tantas nuances mas que mesmo assim consegue conviver tranquilamente, talvez assim consigamos conquistar algum respeito.
Uma vez li num livro uma pergunta que cito aqui: O que produzirá essa gerção que recebeu toda essa influência da Cultura Pop Japonesa? Bem, tal pergunta só será respondida concretamente daqui uns 10 anos. Basta saber agora como vamos cultivar a semente.
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