Refletindo sobre a ocidentalização da cultura japonesa

Antes de começar a falar sobre o assunto, quero dizer que não gosto muito dessa linha de pensamento. A ocidentalização da cultura japonesa, vista dessa forma tão determinista nunca me agradou. Acredito que, dentro do processo de globalização, as culturas recebem influências umas das outras, o que não significa, necessariamente, que a cultura japonesa esteja acabando, muito pelo contrário. Dito isso, vamos aos pontos de identificação.

O Japão e as novas culturas

O Japão tem uma característica de importação de cultura e sempre recebeu muita, mas muita influência de fora. A escrita em kanjis (ideogramas) veio da China, assim como a cerâmica e muitas outras artes. O que acontece é que eles recebem a influência e a adaptam a seu modo. Exemplo clássico é na escrita: a partir dos kanjis, os japoneses inventaram duas formas de escrita mais básicas para se comunicar – o hiragana e o katakana.

Restauração Meiji

Existe um marco de ocidentalização no Japão, que foi em 1868, com a Restauração Meiji e o fim do Xogunato Tokugawa. O que aconteceu foi o seguinte: o Japão ficou 200 anos fechado em si mesmo, exatamente na época de ouro dos Samurais, que eram os “cães de guarda” dos Xoguns (líderes). Sendo assim, com o fim do xogunato, a classe dos samurais acabou e o Japão passou a receber uma verdadeira enxurrada de informações do ocidente, para recuperar o tempo perdido nesses 200 anos – roupas, livros, medicina, etc etc.

Hiroshima e Nagasaki

Chegando ao fim da Segunda Guerra Mundial (1945), quando os EUA montaram bases militares no país (algumas existentes até hoje), a influência cultural é clara. Temos destaque aqui para os bens de consumo e ao próprio capitalismo recriado pelos japoneses, que os levaria a ser, futuramente, a segunda grande potencial econômica mundial. Eles também mexeram na produção em larga escala, melhorando o sistema americano.

Novas palavras

Atualmente o idioma japonês é recheado de palavras estrangeiras, muitas vindas do inglês e escritas com o katakana para indicar que são estrangeiras.

Para finalizar, volto a dizer que o Japão tem essa característica clara de receber a cultura, se apropriar dela e modifica-la posteriormente. Portanto, talvez o mais adequado a se dizer é que os japoneses “orientalizem” a cultura ocidental assim que a recebem.

P.S.: escrevi esse texto em uma resposta no Yahoo! Respostas, mas, depois de terminado, vi que seria mais interessante e útil se postado aqui no Tadaima.


4 respostas para “Refletindo sobre a ocidentalização da cultura japonesa”

  1. Avatar de Leonardo Dias
    Leonardo Dias

    Nossa Mylle que legal esse artigo,gostei demais. Parabéns! 😀

  2. Avatar de Michele
    Michele

    Muito bom!!!

  3. Avatar de Marcos Arthur Viana (@MarcosMegi)

    A ideia da ocidentalização do Japão como iniciada na Restauração Meiji é uma ideia já discutida pela recente historiografia. Muito tem se debatido sobre o início da ocidentalização japonesa com a chegada dos portugueses, sobretudos os jesuítas, no século XVI e com a presença dos holandeses durante o Xogunato Tokugawa.

  4. Avatar de Mylle Silva
    Mylle Silva

    @Marcos,

    Muito bem observado. Naturalmente o meu objetivo com esse texto foi apenas introduzir o assunto com alguns pontos, já que a ocidentalização da cultura japonesa é um tema bem mais amplo e que requer muito mais pesquisa.

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