Resenha: Medo e Submissão, de Amélie Nothomb

Capa do livro

Gosto muito de livros, livrarias, sebos e afins, então cada vez que passo em frente a algum desses lugares é quase certo que não resisitirei à tentação de entrar. Apesar de querer comprar, nem sempre isso é possível, por dois motivos práticos: falta de dinheiro ou o simples fato de eu ter mais livros do que a minha capacidade de lê-los. No entanto, numa das últimas vezes que fui à Livraria Curitiba do Shopping Estação me deparei com um cestão de ofertas e, como sou uma mulher e também adoro ofertas, fui dar uma olhada.

Aparentemente nada me interessou, até encontrei livros que já tinha, como os de Astrologia, por exemplo. Eis que me deparo com essa capa de cores vivas e cheia de flores. Tenho costume de pegar um livro para ler a contracapa e a orelha a fim de descobrir sobre o que se trata. Foi assim que descobri que o livro se tratava “… de um relato autobiográfico de sua experiência como estagiária em uma grande empresa japonesa sediada em Tóquio.” e o comprei.

Amélie Nothomb é uma jovem belga e sonha em trabalhar no Japão porque nasceu e passou o início de sua vida no país do Sol Nascente. Quando é contrata para ser intérprete em uma empresa acredita que seu belo sonho estava prestes a se realizar. O problema é que ela ignorou que se tratava de uma empresa japonesa, com todas as  rígidas regras que se tem direito. E lá ela passa por uma experiência completamente diversa a que tinha pensado para si, chegando a ser obrigada a limpar banheiros até o final do seu contrato.

No Japão as coisas são bastante hierarquizadas. A chefe direta de Amélie era Fubuki (chefe da contabilidade), passando por Saito, Omochi (vice-presidente da empresa) e Haneda (o presidente). Como alguns devem saber, a competição é muito grande no ambiente de trabalho japonês, mesmo que de maneira silenciosa. Fubuki era, segundo a autora do livro, uma linda mulher que havia lutado bastante para chegar no posto em que estava. Além disso tinha quase 30 anos e não estava casada – fato que pode envergonhar uma mulher japonesa. Sendo assim, Fubuki vê na figura de Amélie uma certa ameaça e é um dos principais agentes para que ela vá cada vez para mais fundo do poço. E a moça, por sua vez, tem por Fubuki uma grande afeição, um amor desmedido por seu carrasco.

Esse poderia ser um relato pedante de não aceitação de uma cultura diferente se não fosse pela objetividade e os toques satíricos da narrativa. Ao invés de desisitr nos momentos em que é humilhada, ela continua com muito bom humor, como se vivesse em outra dimensão. É uma leitura breve e levíssima, mas que não te isenta de passar alguns dias com o assunto na cabeça.  É o Japão tão querido e, por que não, idealizado, posto em xeque-mate. Será que todos aguentariam passar pelo que ela passou?

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