Review: Nana (mangá)

Esse texto foi publicado também no site www.bogorna.net
Mangás voltados ao público feminino são coisas fáceis de se encontrar por aí, mas a maioria deles conta a história de uma jovem em busca do grande amor da sua vida. E só. Normalmente as personagens japonesas são submissas e dependentes, sem pretensão alguma de mudar seu jeito de ser. É aí que Nana se destaca.

O mangá conta a história de duas jovens chamadas Nana que se encontram no metrô com destino a Tóquio. Como ficam esperando cerca de cinco horas para chegar devido à neve, acabam conversando bastante e formam uma espécie de amizade. No entanto, logo que pisam em terra separam-se sem ao menos trocar os números de telefone. Alguns dias depois elas se reencontram olhando o mesmo apartamento para locar e acabam morando juntas.
Tal enredo poderia ser bastante sem graça se não fosse pelas mãos da mankagá Ai Yazawa. Suas histórias são famosas por seus personagens muito bem vestidos com roupas da moda e que se destacam por alguma característica, seja ela física ou de personalidade. Abaixo listarei algumas características de Nana:

* As duas Nanas são completamente diferentes. Komatsu Nana é uma garota comum que mora com os pais, gosta de sair para fazer compras com os amigos e leva uma vida fácil. A única coisa que a aflige são suas experiências amorosas, já que ela é especialista em se apaixonar a primeira vista. Já Oosaki Nana foi criada pela avó que, depois de falecer, a deixa sozinha. É então que ela começa a namorar Ren, guitarrista da banda Blast, na qual ela é vocalista. Anda sempre com um visual punk e não gosta muito de falar sobre si mesma.

Fazer com que duas personagens tão diferentes convivam é uma das características das histórias de Ai Yazawa. Além disso, nenhuma das duas Nanas, nesse caso, quer ser dependente de seus respectivos namorados, muito pelo contrário. Elas querem viver independentes, querem atingir alguns sonhos ainda.
* Tanto em Nana quanto em outras histórias de Ai Yazawa os personagens conversam com o leitor, o que causa todo um envolvimento diferenciado com a história. Sem aviso prévio você acaba deparando-se com frases como “o que os leitores vão pensar disso?” ou ainda “por que a mangaká faz isso com a gente?”. Além disso, aparecem com frequência algumas frases dentro dos quadrinhos mas fora de balões, que também fazem com que o leitor envolva-se mais com a história e também entre um pouco mais na mente do autor.

* Em algumas cenas externas a mangaká mescla desenho com fotografia. É algo bem sutil, como as duas Nanas andando numa rua real em um quadrinho. A imagem é manipulada para parecer um desenho, o que dá um ar todo charmoso a cena.

* “Nana” significa “sete” em japonês. No mangá ambas dizem que tal nome não lhes traz boa sorte. Outra ironia da história é o número do apartamento no qual ela vão morar é 707.

* Oosaki Nana começa a chamar Komatsu Nana de Hachi (que significa “oito” em japonês) comparando-a a um cachorrinho. O que o leitor não entende é qual seria a ligação de Hachi e cachorro. É que existe uma história bastante famosa sobre um cachorro chamado Hachikoo que tinha o costume de ir buscar seu dono na estação todos os dias. O interessante da história é que, mesmo depois do falecimento do dono, o cão continuou indo até a estação no mesmo horário para espera-lo, fato que chamou a atenção das pessoas. Hachikoo foi diariamente até a estação de Shibuya exatamente no mesmo horário por 10 anos. Atualmente há uma estátua de bronze do cachorro na estação.

Além do mangá, foi feito o mangá e o filme em live action (filme com atores reais), com direito a continuação. Aliás, o mangá estã sendo publicado pela JBC, então não tem desculpa para não ler. E leia, você vai se encantar pela história, com certeza.


Uma resposta para “Review: Nana (mangá)”

  1. Avatar de Alexandre Nagado
    Alexandre Nagado

    Parabéns pela boa resenha, Mylle-chan! Graças ao seu texto, fiquei curioso pra dar uma olhada nesse título.

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