No Japão as estações do ano são bem definidas. O verão é bastante quente, o outono é chuvoso, o inverno é rigoroso e a primavera é bela, época na qual as sakuras florescem e encantam a todos. Além disso, os japoneses são bastante ligados a natureza, por isso é comum que realizem matsuris com o tema. E uma das maiores festas é o Haru Matsuri, o festival japonês em comemoração à primavera.
Em 1991 a comunidade nipo-brasileira de Curitiba passou a comemorar esta festa milenar de amor à natureza. Ao mesmo tempo, o evento revive um episódio histórico da presença japonesa na cidade: em outubro de 1911, o mascate Toyoshigue Murazaki veio a Curitiba procurar seus amigos Jintaro Matsuoka e Eihati Sakamoto. No entanto estava acontecendo a Festa da Primavera, criada e comemorada num cenário grego, em que as moças eram vestidas de ninfas inspiradoras dos poetas. O poeta Emiliano Perneta foi consagrado em tal ano.
Murazaki trouxe na bagagem leques, origamis e brinquedos japoneses. Favorecido pelo clima festivo, vendeu todos num lugar que ele descreve como “parque de diversões” (Colyseu Curitibano). Consta que essa foi a primeira vez que os curitibanos viram um origami. Anos depois, falando de sua passagem por Curitiba, Murazaki contou sobre a festa que presenciou para o monge budista Tomojiro Ibaragui (posteriormente Nissui Shonin, o primeiro arcebispo budista do Ocidente), e este imaginou que aqui era realizada uma festa brasileira com características japonesas, no formato do atual Haru Matsuri.
O Haru Matsuri curitibano é, portanto, uma versão nikkei da festa do início do século, e uma maneira que a comunidade nipo-brasileira descobriu para homenagear Curitiba, revivendo o clima de amor à natureza e à arte, que um dos pioneiros da imigração japonesa presenciou.
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