Um fator essencial na vida de qualquer estudante que deseja fazer um intercâmbio é saber como será sua residência nesse período de distanciamento de tudo o que conhece – família, amigos e, muitas vezes, do quarto em que vive desde quando nasceu. Quero contar um pouco como é a vida em um alojamento universitário japonês, em especial um alojamento projetado para estudantes estrangeiros, como é o caso da Tokyo Gaidai.
Alojamento Universitário
Devo confessar que minha primeira impressão foi incrível, ainda naquele estado de sono e encantamento que uma viagem de 30h nos causa. Me lembrei de imediato de espaços mostrados em mangas como Honey & Clover e Nodame Cantabile, só para citar os meus favoritos. Várias portas iguais, com espaços idênticos, uma vermelha e outra azul, até o final do corredor.
A Gaidai possui dois alojamentos para estudantes internacionais, um deles com banheira e chuveiro individual e outro com banho compartilhado. Eu tive a sorte de ficar no prédio com banho individual, mas isso teve o seu lado negativo, porque o aquecedor de água consome bastante energia e minha conta de luz ficou um pouco alta.
Todos os quartos tem cama, ao contrário do que se poderia pensar de um quarto tradicionalmente japonês, no qual as pessoas dormem no chão deitadas sobre o futon. Além da cama, há estante, mesa de estudos, cadeira, geladeira, pia com fogão de uma boca e um pequeno espaço para pendurar roupas e acomodar os sapatos – que devem ser tirados antes de entrar no quarto para não estragar o chão.
Não há guarda-roupa, por isso as malas nunca são desfeitas por completo, já que não há espaço para guardar roupas. Sou um pouco ruim quando o assunto é medir ‘de olho’ mas eu imagino que o quarto deva ter cerca de 12m², não muito mais que isso. Para mim, é espaço suficiente para passar uma temporada consigo mesmo.
Custos (aluguel, água, luz, telefone…)
Naturalmente, viver custa dinheiro. Vou abrir os valores que eu pago em média aqui, mas é sempre bom lembrar que eles podem variar de instituição para instituição e também com o passar do tempo.
Aluguel – 171000 yen = R$430,00
No aluguel já estão inclusos os valores do imóvel em si, do condomínio de maneira geral e também do uso da internet, que é livre! Ainda bem né, porque se não tivesse internet talvez eu nem ia poder escrever tanto para o Tadaima…
Água – 3000 yen = R$75,00
A água é cobrada a cada dois meses e, em média, gastei 3000 a cada dois meses. Eu imagino que, assim como no Brasil, deva existir algum tipo de consumo mínimo, porque nos primeiros meses uma amiga recebeu uma conta igual a minha, mesmo ela morando no alojamento sem banho individual.
Luz – 5500 yen = R$140,00
Olha, para uma pessoa vivendo sozinha, eu gasto bastante luz, sem dúvida. Mas como eu passei o inverno, não há como não usar o ar condicionado e o aquecedor de água com frequência, como para lavar louça, por exemplo.
Telefone – 3000 yen = R$75,00
Ninguém tem telefone fixo no quarto, apesar de ser possível fazer o pedido. Por todas as facilidades já conhecidas que o celular oferece, todos os estudantes optam por um keitai mesmo. Como mencionei no artigo sobre Registro de ALIEN e compra do celular, eu preferi um celular pré-pago, apesar da minha escolha ter me dado certo trabalho. Assim, compro cartões a cada dois meses de 3000 yen e passo bem feliz – sendo que normalmente um celular com acesso à internet pode custar 10000 yen por mês ao usuário.
Regras e Cotidiano
Não há horário limite de entrada, ou seja, os moradores podem entrar a qualquer hora do dia ou da noite. No entanto, cada um possui um cartão de entrada e apenas com ele é possível abrir as portas automáticas do alojamento. Existem avisos por todas as partes sobre a proibição da entrada de pessoas que não sejam moradores, além de câmeras por todos os lados vigiando os corredores, elevadores e espaços comuns.
Falando nisso, há vários espaços que podem ser usados livremente pelos estudantes, como as salas de TV, de música, de estudos, em estilo japonês, a cozinha, a biblioteca, a academia e espaço para jogos como ping-pong. A lavanderia também é compartilhada, assim como o uso de vassouras, aspiradores e uma lista de outros utensílios que podem ser emprestados.
Também é preciso sempre separar o lixo antes de jogá-lo fora, mas a maneira é um pouco diferente da que estamos acostumados em Curitiba. No Japão o lixo é separado em “queimável” (moeru gomi), que são papéis e restos de comida, e os “não queimáveis” (moenai gomi), que são os plásticos, basicamente. Também é preciso jogar as latinhas e garrafas plásticas em lixos específicos.
Outro aspecto importante é o barulho. As paredes do alojamento são ainda mais finas do que em apartamentos comuns e é muito fácil ouvir os barulhos dos seus vizinhos. Eu, por exemplo, posso ouvir quando a pessoa que mora no andar acima está enchendo a banheira para tomar banho. Por isso existem avisos espalhados por todos os cantos pedindo para que após às 23h todos diminuam o som da TV, rádio, guitarras, telefone e tudo mais.
No mais, viver num alojamento com pessoas do mundo inteiro é divertido mas também exige um pouco de responsabilidade, respeito e disciplina para que o seu período de estudos no exterior seja proveitoso e tranquilo!
Continue lendo sobre a Vida no Japão.
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