Atualmente há um sem-número de restaurantes que oferecem algum prato tipicamente japonês em seu cardápio – mesmo algumas churrascarias já se renderam às iguarias orientais, como o sushi. Tida como uma alimentação saudável e um tanto quanto exótica, a comida japonesa caiu no gosto dos brasileiros que na maioria das vezes não tiveram contato prévio com a cultura japonesa. Mas afinal, o que há de tão gostoso em comer peixe cru, arroz grudado ou macarrão cheio de verduras e sem molho de tomate?
Cultura Japonesa e Alimentação
Um dos fatores que define qualquer nação é a alimentação. Os pratos típicos variam de acordo com a localização do país, do clima e das matérias-primas disponíveis na região. Tal divisão ficava mais clara num mundo não tão globalizado, como na ra das grandes navegações, na qual era muito mais difícil se obter, por exemplo, as especiarias da Índia ou o arroz tipicamente japonês.
No Japão as diferenças na alimentação ficam ainda mais claras. Mesmo sendo um país tão pequeno, os pratos típicos de cada um das regiões podem ter diferenças gritantes, como refeições mais adocicadas (Kyoto) ou mais picantes (Tóquio).
Outro fator que chama a atenção é a mudança de pratos em cada uma das estações. Ao contrário de nós brasileiros, que muitas vezes não mudamos nossos hábitos alimentares no verão e no inverno, os japoneses fazem questão de mudar cardápios de restaurantes e produtos à venda nas lojas de conveniência assim que o clima começa a sofrer alterações visíveis.
Ou seja, o momento da refeição no Japão é muito mais ritualístico do que no Brasil, mesmo em tempos modernos de fast food e alimentação cada vez mais precária.
Hábitos Alimentares
Comecei a ter contato direto com a cultura japonesa em 2004, quando passei a frequentar os Matsuris de Curitiba. Sempre fui uma pessoa muito chata com comida, passo mal logo depois de comer vários alimentos, como salgadinhos de pacote e frutos do mar. Além disso, tinha certo preconceito com tudo o que não havia experimentado e dizia que não gostava de muitas coisas. Por isso, joguei fora todas as verduras que comi dos meus primeiros Yakisoba.
De uma maneira natural, a convivência e a curiosidade foram mudando meu paladar e, aos poucos, passei a comer mais verduras e peixes no lugar de massas e carne vermelha. E assim, desde 2009 eu não como carne vermelha – logo eu que não sabia o que era uma refeição sem ter um bife suculento no prato.
A grande reviravolta aqui foi a forma como absorvi a cultura japonesa no meu dia-a-dia, quase que sem perceber. Eu nunca tive em mente a ideia fixa de que precisava mudar a minha alimentação, foi apenas uma questão de adaptação do meu paladar e do meu corpo. Foi a busca pelo novo e a curiosidade em saber como era um peixe cru com shoyu que me fez perceber que mudar não precisa ser repentino e nem insosso.
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