Os japoneses adoram os brasileiros exatamente por sermos muitos mais receptivos e abertos do que eles. Seja um simples cumprimento ou em relacionamentos de amizade, família e amorosos, muitos dos costumes mais comuns que temos no Brasil são bem estranhos aos olhos do Japão.
Durante a minha estadia na terra do sol nascente, tive a oportunidade de conviver com vários jovens japoneses, tanto meninas quanto meninos, e pude observar alguns detalhes e tirar algumas dúvidas sobre o comportamento deles.
A idade média das pessoas com quem convivi era de 20 anos, todos já na universidade. Alguns do primeiro e segundo anos apenas estudavam sem grandes preocupações, já os do terceiro e quarto anos já pensavam na busca por emprego e em seus futuros. Dentre regras e imposições da sociedade, os jovens japoneses acabam tendo pouco ou nenhum espaço para serem quem são: jovens.
Jovens Japoneses
1. As meninas não podem pintar o cabelo ou furar a orelha antes de entrar na universidade
Ao contrário de nós, brasileiras, que temos nossas pequenas orelhas furadas ainda na maternidade, boa parte das japonesas passam a vida sem poder usar brincos. Enquanto as meninas estão no ensino fundamental, é proibido ser diferente, ou seja, elas não podem via de regra, tingir os cabelos ou usar brincos – mesmo os de pressão. Por isso, quando aparecem meninas de cabelos tingidos em mangas, como em Bijinzaka, elas são consideradas transgressoras.
2. Meninos vão ao salão de beleza
Qual a minha surpresa quando, durante um nomikai, os meninos perto de mim começam a conversar sobre… salão de beleza! Sobre métodos de arrancar pelos do rosto, tratamentos para cabelo. Existem inclusive salões de beleza exclusivos para homens, algo como barbearias mais evoluídas, nas quais não apenas se consegue ter o cabelo cortado e o rosto barbeado, mas também o cabelo tingido, o rosto tratado, etc etc.
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3. Sem abraços e beijinhos em público
Em seis meses, vi apenas dois casais se beijando em público – um selinho e um beijo mais demorado. Mas o beijo é o mínimo dos detalhes, porque os jovens japoneses sequer demonstram que são um casal. Não é só uma questão de não expressar carinho em público, mas sim de não darem as mínimas pistas de que são namorados. Se tratam como amigos, não ficam próximos durante as reuniões e quase não se comunicam.
Em outras palavras, os namorados japoneses se relacionam com o mínimo contato, trocando mensagens e se encontrando de vez em quando, sempre longe dos olhos de conhecidos. Assim fica fácil entender porque em mangas e doramas fica aquele entrave entre o casal até que o beijinho mais simples aconteça. A situação fica num plano tão abstrato que qualquer demonstração de carinho dá margem ao velho pensamento: será que ele(a) gosta de mim?
4. Mínimo contato entre as pessoas
Se entre namorados, que em teoria são mais íntimos, o contato é mínimo, imagine entre amigos de sexo opostos. Simplesmente não há contato. As meninas se abraçam entre si, os meninos se cumprimentam, mas quando o assunto é o sexo oposto, os jovens japoneses travam. Uma vez que o início de um namoro no Japão é cheio de devaneios e achismos, qualquer aproximação pode ser interpretada como interesse.
Por exemplo, uma das meninas com quem eu convivi desmaiava na rua com frequência e nenhum menino se movia para ajudá-la. Toda vez que eu presenciava a situação, achava de péssimo gosto, mas para eles o fato de encostar na menina talvez significasse demonstrar algum interesse que não havia e por isso que nenhum menino ajudava. Ou pior, poderia ser considerado um assédio sexual. É, por essas e por outras que não existem homens cavalheiros no Japão.
Assim sendo, os jovens japoneses, já cheios de dúvidas normais para a idade, ainda precisam se ajustar às regras impostas pela sociedade e se preparar para o mercado de trabalho japonês, ainda mais repressor dentro das empresas.
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