Se você já assistiu algum anime ou leu algum manga ambientados em ambiente escolar ou universitário (Genshiken ou K-ON, só para citar alguns exemplos), deve ter se perguntado algum vez como os tais clubes de pesquisa funcionam. Durante minha estadia na TUFS, ingressei num clube do meu interesse, o clube de Jazz e acabei aprendendo diversas coisas que eu nem imaginava tanto sobre como funcionam as atividades extracurriculares no ambiente universitário quanto sobre a convivência com os japoneses.
Clube de Jazz
Quando completei uma semana de Japão, resolvi ir bater na porta do clube de jazz. Soube dele através de alguns papéis que recebi na minha primeira orientação na universidade e, mesmo com certa vergonha e não sabendo muito bem como me comunicar, decidi ir lá para ver se conseguia cantar um pouco de bossa nova, minha paixão.
Aconteceu que, assim que abri a porta da sala de música, me surpreendi: apareci no meio de uma música, sem conhecer ninguém e fui invadida, de imediato, por aquele som maravilhoso que era o jazz que eles tocavam. Rapidamente vieram algumas pessoas me receber, me deram um biscoito de Niigata, ofereceram uma cadeira e perguntaram qual instrumento eu tocava. “Não toco instrumento nenhum, só sei cantar“.
O problema é que eu não conhecia jazz, não os standards, as músicas mais clássicas e que todos os japoneses parecem conhecer. Me deram um livro com letras de música e eu não conhecia nenhuma… Além de estar um pouco nervosa pra já ir assim cantando. A primeira música que cantei foi Fly Me To The Moon (menos clichê impossível), seguida de Garota de Ipanema. E eu estava no clube.
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Convivência
Os clubes são, de maneira geral, uma ótima oportunidade dos alunos das mais diferentes disciplinas conviverem juntos, partilhando de algum interesse em comum. Além disso, os alunos tem várias oportunidades de se apresentar, como os festivais culturais e eventos menores, muitas vezes voltados apenas aos integrantes do clube em questão e alguns convidados. Junte isso a ensaios fora do ambiente escolar, passeios, confraternizações… E terá uma vida social bem cheia até.
Vale lembrar ainda que a sociedade japonesa é bem rígida e segmentada, o que dificulta um pouco a convivência de pessoas que não façam parte da mesma turma ou ainda não estejam no mesmo ano da universidade ou escola. No entanto, dentro do clube as pessoas tem idades diferentes e estão em períodos diferentes – alguns acabaram de entrar na universidade enquanto outros estão prestes a se formar. Ou seja, apesar de ainda haver a distinção entre senpai (veterano) e kouhai (calouro), há uma flexibilidade nas relações de hierarquia dentro do grupo.
O meu grupo de convivência é basicamente o grupo de jazz por dois motivos: eu realmente tenho afinidade com eles, gosto de jeito de muitas pessoas que participam do clube e acredito que, por gostarem de jazz eles são um pouco mais soltos que outros japoneses. Algumas meninas tem a mente mais aberta e não precisam ser extremamente kawaii para chamarem a atenção, como boa parte das jovens que vejo andando pela Gaidai.
Quando eu fui ao clube de jazz só queria cantar um pouco de bossa nova, mas no fim saí querendo mais e mais daquela fonte com instrumentos de tantas cores e daquela música tão distante e nova. Eu saí de lá apaixonada pelo Jazz.
Boa parte das fotos da galeria foram tiradas durante o festival cultural Gaigosai – apenas as 10 primeiras foram tiradas num evento à parte, que aconteceu na segunda quinzena de janeiro, em comemoração ao ano novo.
Veja outras fotos e leia mais sobre a cultura japonesa em Tadaima no Japão.
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