“Agora, neste momento, estou para rasgar o meu próprio coração, para banhar com meu sangue a seu rosto. Eu ficaria satisfeito se, no momento em que meus batimentos cessarem, você estiver gerando uma nova vida em seu coração.”
Essa citação do romance que está na contracapa do livro resume perfeitamente a sensação que fica após o término da leitura de Coração, de Natsume Soseki. Com uma tradução detalhada e um prefácio maravilhoso, escrito por Roberto Kazuo Yokota, Coração é uma história sobre a honra japonesa nos tempos modernos (leia-se início do século XX, final da Era Meiji).
Sem em momento algum citar os nomes das personagens, Soseki conta a história de um estudante que, ao encontrar numa viagem um homem a quem se refere como “professor”, aproxima-se dele e se torna seu amigo. A história – sempre narrada em primeira pessoa – divide-se em três partes: a da amizade entre o estudante e o professor; a da relação do estudante com sua família e por mim a história da juventude do professor, essa última contada em forma de carta escrita pelo professor.
A maneira como o autor divide o romance o torna fascinante. Os pequenos capítulos não passam de três páginas, cada qual acabando com um gostinho de quero mais. Por outro lado, as três parte do livro são bastante independentes, podendo ser lidas separadamente sem que cada uma perca o seu sentido maior.
Suicídio, desconfiança, herança, obrigações na sociedade e principalmente, a honra, tão presente na cultura japonesa, são tratados em Coração não como elementos absolutos, mas sim mutáveis. O autor deixa clara a oposição entre o moderno e o antigo, usando o poder visionário que muitos escritores têm.
O Autor
Natsume Soseki (1867 – 1916) nasceu numa família de samurais em Edo e dos dois aos nove anos foi criado por uma outra família. Estudou literatura tradicional chinesa desde a infância, e ingressou na universidade para estudar literatura inglesa. Mesmo tendo conquistado um cargo de prestígio na carreira acadêmica, é obrigado a afastar-se por causa de crises nervosas e começa a lecionar numa escola primária. É autor de 14 romances.
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